“Esta é a minha oração: que o amor de vocês aumente cada vez mais em conhecimento e em toda a percepção,
para discernirem o que é melhor, a fim de serem puros e irrepreensíveis até o dia de Cristo,
cheios do fruto da justiça, fruto que vem por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.”
Filipenses 1:9-11
Ao
olhar para essa imagem tão triste e real, só posso perguntar a mim mesmo:
O
que tem atraído o meu olhar?
Onde
está o meu amor pelo outro que é parte de mim?
Qual
tem sido a minha oração?
De
certa forma, o mundo não carece de amor como parece. Na verdade, o mundo está saturado
de amor próprio, de egocentrismo, de um amor que ama das maneiras erradas,
pelas razões erradas, ou seja, que é apenas chamado de amor sem realmente o ser.
É óbvio que estamos todos chafurdados na lama do eu, e mais uma vez eu insisto
em bater nessa tecla. Ainda estou aprendendo e, meramente por isso, ouso ir
contra o caos que parte de mim mesmo, das minhas dificuldades para olhar ao
redor, para estender a mão, para fazer os pedidos certos em oração. Estou
cansado de ver o amor a si mesmo, autossuficiente, prepotente, ser pregado como
regra para a vida, enquanto esse modo de viver é exatamente o que tem nos
levado à morte.
A
lei ‘básica’ da vida é amar o outro como a si mesmo. Para isso, nós precisamos
ter amor próprio sim, claro, mas o que é um copo cheio d’água se ele não serve
para saciar a sede de alguém?! O amor que nos enche, e preenche, deve transbordar
a fim de que outros sejam igualmente cheios. Volto a dizer: A lei é o Amor! E
não é necessário ser cristão para entender isso. Se há uma coisa que é comum em
todas as religiões é que todos carecem de amor! Qual é a fonte dO Amor onde
você busca, aí já é uma outra premissa... Sendo assim, você é livre para fazer
a sua escolha de se ligar a Deus da maneira que for. Você pode ser cristão
evangélico, católico, budista, espírita, hinduísta... Só não seja mais um
babaca com relação ao próximo! Só não seja mais um que vive meramente para si
mesmo. Pois é por isso que o mundo grita, já percebeu? Ou a música da vaidade
tem tocado tão alto em seus ouvidos que você é incapaz de escutar o grito do
pobre, do pródigo, do órfão, do quebrado pelas circunstâncias, da família que
só quer fugir do extremismo religioso para a liberdade de outro país ou do
jovem que deseja encontrar a verdadeira liberdade de si mesmo?
Agora O conhecemos em parte, mas quando Aquele que é completo chegar, tudo o que é incompleto em nós deixará de existir. E se há algo pelo qual todos nós seremos cobrados, certamente é o amor o qual oferecemos. O amor que nos permitimos viver é o que verdadeiramente nos torna semelhantes àquele que é o próprio Amor em Sua essência.
Bom, voltando à criança morta que representa os milhares de
famílias refugiadas na Síria... Um olhar lúcido de amor nos revela que ela nos
representa também. Nós somos parte do todo, e só podemos compreender isso
quando conhecemos o verdadeiro amor. Somos nós que nos perdemos todos os dias.
Somos nós que sofremos. Somos nós que morremos em meio ao caos, que sucumbimos
à injustiça e nem mesmo nos compadecemos de joelhos diante dAquele que é misericórdia.
A sua oração tem pedido mais do que você precisa? O seu
clamor tem sido apenas por seus sonhos e ambições? O seu olhar encara e injustiça
e o terror, e simplesmente se vira?
Uma sugestão que dou a mim mesmo e a todos aqueles que, mesmo
cambaleantes como eu, desejam trilhar o caminho árduo da Vida e da Verdade
todos os dias: Não confunda o amor com aquilo que generalizaram e banalizaram
por aí. O Amor genuíno é a porta estreita! A mais estreita, aliás. Bem, se
queremos passar por ela, precisamos chorar pela injustiça e sofrimento e orar
por justiça e paz; precisamos nos compadecer, ainda que a maior dor esteja do
outro lado do mundo. Nossa fé nos permite crer que um pedido de joelhos aqui
pode chegar onde quer que seja, não é mesmo? Coloque-se de lado um pouco. Sim,
ponha tudo o que você sonha e deseja em segundo plano, e preste atenção no que
Deus quer de você. O desejo dEle é que amemos, de coração; é que saibamos e queiramos
servir ao invés de sermos servidos; é que possamos nos atentar às necessidades
do outro e não de nós mesmos. Por isso, não desvie o olhar! O outro é você. O outro
somos nós.
“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor.”
1 Coríntios 13.13
No que depende de você, o
amor realmente tem sido o maior?