quarta-feira, 23 de abril de 2014

O homem, sua essência e seu destino

O homem tem receio do que ele mais anseia, ainda que não conheça tal desejo. Ele talvez fuja do peso de um dia ser perfeito, completo, totalmente luz e totalmente amor. Entrega-se à fuga de sua própria essência dia após dia, em direção ao escuro, à indiferença, à doença do amor próprio exacerbado. Vê-se mais distante de si mesmo tornando-se mais próximo àquilo que é surreal. Sua dádiva esquecida, seu legado abandonado. A tristeza que o afeta cada vez que recosta a cabeça no travesseiro, a dor que o aperta cada vez que se vê sozinho, o medo que o acerta cada vez que tenta fixar os olhos à frente...

Pela falta de confiança afugenta dos seus dons e se esquece do seu dono. O homem que tem sede de vingança, na verdade tem sede de justiça. O homem que se arrisca na perdição de fato não conhece mais o caminho de onde se perdeu. Suas voltas em torno dos próprios desejos o levam para o mesmo fim, e sua confiança no enganoso coração o derruba sem que ele perceba. Quando consegue enxergar se dá conta de que foi levado para longe do propósito, longe do sentido real de sua existência. O homem foi criado para encontrar-se com seu Criador. Ele não pertence à dor, não pertence ao falso sorriso que seu coração maquila, muito menos à irracionalidade com que escolhe seus passos, palavras e pensamentos. O homem é o sonho mais incrível de Deus. Sonho concebido a partir de um desejo imensurável e incompreendido por limitações humanas, com a finalidade de reverenciar Aquele que o criou na simplicidade de ser ele mesmo. Homem tão fraco que foi criado pela maior força, mas se entrega ao perigo de se enfraquecer em sua natureza redimida e se confundir na mistura entre duas paixões. Esquece que é feito luz, feito amor, ainda imperfeitos, no entanto a caminho da perfeição.

Tudo o que o homem precisa é desvendar os olhos, enxergar a possibilidade para o qual foi formado e se entregar à liberdade verdadeira, não àquela que o torna dependente da sujeira para viver de forma aparente até morrer. O homem é gota que se dissipa nessa Terra, que se receia pelo seu fim, sem saber que a finalidade é tudo o que ele mais deseja. O homem que segue seu percurso em genuína liberdade e entrega, flui e corre como um rio sendo atraído pelo mar aberto. Seu fim é o seu criador. O destino do rio é o grande oceano, de quem teve certo medo, mas onde se torna completa perfeição. Um dia o rio fará parte do oceano, ou do abismo, e a escolha de ser verdadeiramente livre terá feito toda a diferença.


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